Paulo Galvão Júnior (*)
Katherine Buso (**)
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a Índia tem sido uma das economias globais mais dinâmicas, destacando-se como líder de crescimento do PIB no BRICS Plus. Esse grupo inclui países do BRICS tradicional (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e novos membros, como Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Irã, que se uniram ao bloco em 2024. O desempenho impressionante da Índia, especialmente no setor de serviços e tecnologia, tem refletido diretamente nas oportunidades de comércio e desenvolvimento para os países que fazem parte deste bloco, incluindo o Brasil. Este artigo explora como a Índia se consolidou como líder de crescimento no BRICS Plus e as implicações dessa ascensão para o Brasil, especialmente no setor agropecuário.
ASCENSÃO ECONÔMICA DA ÍNDIA
A Índia, com 1,428 bilhão de habitantes, é o país mais populoso do mundo e vem apresentando um crescimento econômico notável, liderando o BRICS Plus. Entre 2010 e 2023, a Índia manteve uma média de crescimento anual de 6,0%, mesmo com uma retração em 2020 devido à pandemia. Seu PIB alcançou US$ 3,7 trilhões em 2023, o que posiciona a Índia como a quinta maior economia do mundo, atrás apenas dos EUA, China, Japão e Alemanha.
O crescimento da Índia é impulsionado por reformas estruturais, como o Imposto sobre Bens e Serviços (GST), que simplificou o sistema tributário, e o forte avanço no setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC). A Índia se consolidou como um hub tecnológico global, com gigantes como Infosys, Tata Consultancy Services (TCS) e Tech Mahindra liderando o mercado de outsourcing e contribuindo significativamente para o PIB do país.
Além disso, o crescimento acelerado da classe média e a urbanização do país são fatores essenciais para o aumento do consumo interno. O governo indiano tem adotado políticas agressivas para atrair investimentos estrangeiros, com destaque para os incentivos à manufatura local e à construção de infraestrutura, como o programa "Make in India", lançado em 2014.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O BRASIL
Embora a Índia apresente um crescimento expressivo, ela ainda enfrenta desafios econômicos consideráveis, como um PIB per capita baixo (US$ 2.366 em 2022) e altas taxas de pobreza e desigualdade social. Cerca de 25% da população vive abaixo da linha de pobreza, e a concentração de riqueza é acentuada, com 1% dos mais ricos detendo 41% da riqueza do país. Além disso, o setor agropecuário indiano enfrenta grandes desafios, como as mudanças climáticas, a falta de infraestrutura adequada e a dependência de importações de energia não renovável.
Para o Brasil, o crescimento da Índia oferece oportunidades e desafios. Como o Brasil é um grande fornecedor de produtos agrícolas para mercados internacionais, a ascensão econômica da Índia representa uma oportunidade para expandir a exportação de produtos como soja, carne bovina, café e açúcar para o crescente mercado consumidor indiano. A Índia, que é o segundo maior produtor de alimentos do mundo, está cada vez mais interessada em garantir a segurança alimentar para sua população crescente e diversificada, o que aumenta a demanda por commodities agrícolas.
Além disso, o setor agrícola brasileiro pode se beneficiar da experiência indiana em áreas como tecnologia para a agricultura de precisão, irrigação eficiente e biotecnologia. A Índia tem avançado rapidamente nesses setores, e o Brasil pode aprender e aplicar muitas dessas inovações para aumentar sua própria produtividade agrícola.
No entanto, é fundamental que o Brasil se posicione estrategicamente para competir nesse cenário, com foco no aumento da eficiência da produção agrícola e na sustentabilidade. O Brasil também precisa considerar as implicações das tensões geopolíticas envolvendo a Índia, China e outros países do BRICS Plus, que podem afetar o comércio internacional e a dinâmica de mercado.
IMPACTO NO AGRO BRASILEIRO
O setor agropecuário brasileiro, responsável por uma parte significativa das exportações, pode se beneficiar das reformas econômicas da Índia, especialmente no que se refere a melhorias no ambiente de negócios e infraestrutura. A Índia tem investido pesadamente em tecnologia agrícola, o que pode abrir portas para parcerias com o Brasil para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas e inovação no agronegócio.
Com a expansão do consumo interno e a crescente demanda por produtos alimentícios, a Índia se apresenta como um mercado estratégico para os produtos agrícolas brasileiros. Isso pode resultar em novos acordos comerciais e maior acesso ao mercado indiano, principalmente em setores como grãos, carne, frutas e outros produtos agrícolas.
Além disso, as reformas no setor de energia e a ênfase em energias renováveis na Índia, especialmente com a crescente capacidade instalada de energia solar, são áreas de potencial colaboração entre os dois países. O Brasil, com seu forte setor de energia renovável, pode ajudar a Índia a alcançar suas metas de sustentabilidade e reduzir sua dependência de combustíveis fósseis.
CONCLUSÃO
A Índia, ao se tornar a líder de crescimento do PIB no BRICS Plus, consolidou sua posição como uma das economias mais poderosas do mundo. A ascensão da Índia, embora impulsionada por uma série de reformas e inovações, também apresenta desafios, especialmente nas questões sociais e de infraestrutura. No entanto, as oportunidades para o Brasil são evidentes, principalmente no setor agropecuário, com um aumento da demanda por produtos alimentícios e novas possibilidades de cooperação em tecnologia e sustentabilidade. Para aproveitar essas oportunidades, o Brasil deve buscar parcerias estratégicas com a Índia, promovendo uma agenda comum de inovação, desenvolvimento sustentável e aumento da competitividade no comércio global.
Embora o caminho para o crescimento contínuo da Índia esteja repleto de desafios, especialmente no que diz respeito à pobreza e à desigualdade, o país parece bem posicionado para manter seu papel de liderança no BRICS Plus. A colaboração Brasil-Índia, portanto, representa um vetor
(*) Economista brasileiro, formado pela UFPB (1998), especialista em Gestão de RH pela UNINTER (2009), professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP, autor e co-autor de centenas de artigos de Economia.
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(**) Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo.
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