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A BAIXA PRODUTIVIDADE NO BRASIL NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

Foto do escritor: INTELIGÊNCIA AGROINTELIGÊNCIA AGRO

Atualizado: 7 de nov. de 2024

Paulo Galvão Júnior (*)

Katherine Buso (**)


Considerações Iniciais

Ao exemplificar a diferença entre a produção de um alfinete por dia por um único trabalhador e a divisão do trabalho entre dez operários em uma fábrica escocesa, Adam Smith introduziu um conceito revolucionário de produtividade.


Essa ideia foi um marco no pensamento econômico, trazendo a noção de que a divisão do trabalho e a especialização podem aumentar exponencialmente a eficiência produtiva. Anos depois, Robert Solow, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1987, deu continuidade a esse debate, destacando o papel do capital no crescimento econômico e introduzindo a famosa equação que modela os fatores de produção de uma nação.


A produtividade, como destacou Solow, é um dos principais motores do crescimento econômico. Ela se refere à capacidade de um país gerar mais valor com os mesmos recursos. A baixa produtividade tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil emergente nas últimas décadas, limitando o seu potencial de desenvolvimento econômico.


De acordo com Paulo Sandroni (2014, p. 695), a produtividade pode ser entendida como o "resultado da divisão da produção física obtida em uma unidade de tempo (hora, dia, ano) por um dos fatores empregados na produção (trabalho, terra, capital)". Em um contexto mais amplo, ela reflete a utilização eficiente dos recursos produtivos, buscando maximizar a produção no menor tempo possível e com os menores custos.


O Cenário Econômico Brasileiro


O Brasil, com uma população de 203 milhões de habitantes (IBGE, 2022), é a maior economia da América Latina e ocupa o 12º lugar no ranking mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB), com um valor nominal de US$ 1,92 trilhão em 2022 (FMI). No entanto, apesar do seu tamanho e potencial, a economia brasileira tem enfrentado grandes desafios relacionados à produtividade e competitividade no cenário global. O país contribui com apenas 1,3% das exportações globais (OMC), apesar de ser um dos principais produtores de commodities, como soja, milho e carne bovina.


Nos últimos dez anos, a estrutura das exportações brasileiras passou por mudanças significativas. Setores como transporte e máquinas, que estavam entre os cinco maiores exportadores em 2013, foram ultrapassados por produtos animais e metalurgia em 2021, conforme o Observatório de Complexidade Econômica (OEC). Isso reflete uma dependência crescente de setores baseados em recursos naturais e menor valor agregado, o que afeta diretamente a competitividade global do Brasil.


No entanto, a produtividade setorial variou de maneira desigual. Enquanto a agropecuária e a extração mineral apresentaram crescimento significativo — 35,70% e 24,48%, respectivamente, de 2013 a 2022, conforme o IBRE/FGV — setores industriais, como a indústria de transformação (-11,31%) e o transporte (-12,33%), sofreram quedas acentuadas. Esse cenário desigual dificulta o crescimento sustentado da economia como um todo.


O Resíduo de Solow e a Produtividade Total dos Fatores (PTF)

O modelo de crescimento econômico de Robert Solow é uma das ferramentas mais importantes para entender o desenvolvimento econômico das nações. Ele estabelece que o crescimento é impulsionado por três fatores: o capital, o trabalho e a produtividade (ou "resíduo de Solow"). Este resíduo representa os ganhos de eficiência e inovação que permitem aumentar a produção sem aumentar proporcionalmente os insumos.


Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento brasileiro nos últimos anos foi o declínio da Produtividade Total dos Fatores (PTF), um indicador essencial para medir a eficiência do uso combinado de capital e trabalho. A PTF do Brasil tem sofrido quedas contínuas nos últimos dez anos, impedindo o país de alcançar o status de economia avançada.


Segundo dados recentes, a PTF brasileira foi afetada por uma série de fatores, incluindo a falta de investimentos em inovação, a baixa qualificação da força de trabalho, um ambiente de negócios pouco competitivo e a infraestrutura deficiente. Um trabalhador brasileiro adiciona em média apenas US$ 19 à economia por hora trabalhada, enquanto um trabalhador americano gera US$ 81 no mesmo período, uma disparidade que revela o desafio do Brasil em aumentar sua eficiência produtiva.


O Desempenho do Agronegócio e o Papel da Tecnologia


Apesar das dificuldades no cenário geral, o agronegócio brasileiro tem sido um ponto fora da curva, com alta produtividade e avanços tecnológicos que contribuem para o crescimento do setor. A introdução de novas tecnologias, como a agricultura de precisão, o uso de drones, biotecnologia e técnicas avançadas de manejo, tem permitido que o Brasil aumente a produção agrícola mesmo com a redução da área plantada. A produtividade por hectare cresceu significativamente, especialmente em cultivos como a soja, o milho e o café.


O Brasil é o maior produtor mundial de café, com 2,2 milhões de toneladas produzidas em 2022, representando 33% da produção global, e o maior exportador, com US$ 5,1 bilhões em vendas internacionais no mesmo ano. Esses números destacam a capacidade do agronegócio brasileiro de competir em mercados globais, mesmo em um contexto de baixa produtividade em outros setores.


Além disso, a pecuária brasileira também apresentou avanços. Entre 2013 e 2017, a produtividade média foi de 5,57 arrobas por hectare, conforme a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Esses dados mostram que o Brasil tem potencial para continuar liderando em setores estratégicos, mas precisa traduzir esses avanços em outras áreas da economia para garantir um crescimento mais equilibrado.


Considerações Finais


Em resumo, a baixa produtividade tem sido um dos principais entraves para o crescimento do Brasil nos últimos dez anos. A Produtividade Total dos Fatores (PTF) declinante, aliada a desafios estruturais, tem limitado o potencial do país de se tornar uma economia avançada. Entretanto, o agronegócio brasileiro é um exemplo de que é possível alcançar altos níveis de produtividade com investimentos em tecnologia e inovação.


Para que o Brasil possa emergir como uma economia mais competitiva e produtiva, será necessário investir em educação, infraestrutura, inovação e reformas que promovam um ambiente de negócios mais eficiente. O potencial existe, mas é preciso canalizá-lo para setores além do agronegócio, garantindo que a produtividade cresça de forma mais ampla e sustentável.


(*) Economista brasileiro, formado pela UFPB (1998), especialista em Gestão de RH pela UNINTER (2009), professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP, autor e co-autor de centenas de artigos de Economia.

WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.



(**) Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo.

Instagram: @bluebisolution.

WhatsApp: +56 98484-9704












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