Paulo Galvão Júnior (*)
Katherine Buso (**)
TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
A Transposição do Rio São Francisco, um dos maiores projetos de infraestrutura hídrica do Brasil, visa beneficiar as regiões semiáridas do Nordeste, levando água do Velho Chico para diversas localidades que sofrem com a escassez hídrica. Este projeto não apenas melhora a qualidade de vida das populações dessas regiões, mas também tem implicações diretas e significativas para o agronegócio do Brasil. Vamos explorar as seis principais vantagens econômicas desse projeto e como ele impacta positivamente o setor agropecuário.
1. Segurança Hídrica e Sustentabilidade
A principal vantagem da transposição é a segurança hídrica proporcionada às regiões semiáridas, que historicamente dependem das chuvas irregulares.
i) Abastecimento Regular de Água: A Transposição garante um fornecimento constante de água para consumo humano, industrial e agropecuário. Isso não só ajuda as populações locais, mas também impulsiona a agroindústria, que pode contar com uma fonte mais confiável de água.
ii) Redução de Impactos das Secas: A regularização do abastecimento de água permite reduzir os efeitos devastadores das secas, que afetam drasticamente a produção agrícola e pecuária. Para o agronegócio, isso significa menos perdas e mais estabilidade na produção, o que fortalece a cadeia produtiva.
2. Desenvolvimento Agropecuário
A irrigação e o fornecimento de água bruta abrem novas possibilidades para o setor agropecuário, transformando a economia local.
i) Irrigação: A disponibilização de água para irrigação de grandes áreas agrícolas permite aumentar a produção de alimentos e a variedade de culturas cultivadas. Isso é essencial não apenas para o abastecimento interno, mas também para o aumento da competitividade no mercado internacional.
ii) Expansão da Agricultura: Microrregiões que antes eram improdutivas podem se tornar grandes polos agrícolas, estimulando o crescimento de mercados locais e promovendo o desenvolvimento regional.
iii) Crescimento da Pecuária: O aumento no acesso a água bruta beneficia a pecuária, pois melhora a alimentação e a saúde dos rebanhos, permitindo maior produtividade e qualidade nos produtos como carne e leite.
3. Geração de Empregos e Renda
O impacto econômico vai além do agronegócio, com a geração de empregos diretos e indiretos nas regiões beneficiadas pela transposição.
i) Empregos na Construção e Manutenção: A construção dos Eixos Norte e Leste da Transposição e a sua manutenção geram uma quantidade significativa de empregos, tanto diretos como indiretos, criando novas oportunidades para os trabalhadores da construção civil, logística e serviços.
ii) Novas Atividades Econômicas: A disponibilidade de água favorece o surgimento de novos setores, como agroindústrias, fruticultura irrigada, caprinocultura e até mesmo o turismo rural. Esses setores são importantes para diversificar a economia local e aumentar a geração de renda nas regiões semiáridas.
4. Desenvolvimento Regional e Redução das Desigualdades
A transposição é um agente de mudança não só no setor econômico, mas também no social, ajudando a reduzir as desigualdades históricas entre as regiões do Brasil.
i) Desenvolvimento Econômico Regional: Ao melhorar as condições hídricas, o projeto cria um ambiente mais propício para a realização de investimentos, que incluem infraestrutura e novos negócios.
ii) Redução das Desigualdades: A transposição também contribui para a diminuição das desigualdades entre as regiões do Brasil, promovendo um desenvolvimento mais equitativo e permitindo que as populações do Nordeste tenham acesso a melhores condições de vida e maiores oportunidades econômicas.
5. Aumento da Produção e Exportação de Commodities
A disponibilidade de água e a melhoria das condições para o cultivo e criação de animais são um trampolim para o crescimento da produção agropecuária no Brasil, particularmente no Nordeste.
i) Aumento da Produção Agropecuária: Com a irrigação, a produção de commodities como grãos, frutas e carnes tende a crescer, aumentando a oferta para o mercado interno e externo.
ii) Competitividade no Mercado Internacional: A transposição ajuda a fortalecer a competitividade do Brasil no mercado internacional, especialmente em commodities como soja, milho, frutas e carne, ampliando a capacidade exportadora do país.
6. Melhoria da Qualidade de Vida
Por fim, a transposição do Rio São Francisco traz benefícios diretos para a população local e, por consequência, para a economia regional.
i) Saúde e Saneamento: O fornecimento contínuo de água potável melhora as condições de saúde, reduzindo doenças relacionadas à escassez de água e aumentando a qualidade de vida das populações mais vulneráveis.
ii) Estabilidade Social: Com a melhoria das condições de vida, diminui-se a migração forçada devido à seca e aumenta-se a estabilidade social, criando um ambiente mais seguro e propício para o desenvolvimento econômico.
Impacto no Agronegócio Brasileiro
O impacto da Transposição do Rio São Francisco é significativo para o agronegócio brasileiro, particularmente no Nordeste. Ao garantir o fornecimento regular de água, o projeto cria as condições ideais para o aumento da produção agropecuária, o fortalecimento da agricultura irrigada e o desenvolvimento de novas atividades econômicas no campo. Em termos de produtividade, o acesso a água também permite o cultivo de novas culturas e a criação de mais oportunidades de exportação de commodities agrícolas.
Além disso, o aumento da produção de alimentos e a criação de uma economia regional mais diversificada contribuem para o fortalecimento da segurança alimentar no Brasil e no exterior. No contexto global, o Brasil tem se destacado como um dos maiores exportadores de alimentos, e a transposição do Rio São Francisco será uma peça chave para consolidar ainda mais esse status.
Conclusão
A Transposição do Rio São Francisco é um projeto de extrema importância para o Brasil, especialmente para o agronegócio. Ao promover a segurança hídrica, o desenvolvimento agrícola, a geração de empregos e a redução das desigualdades, ela potencializa o crescimento das regiões semiáridas e fortalece o papel do Brasil no mercado global de commodities. Com isso, a transposição não apenas resolve um problema crônico de escassez de água, mas também abre novas portas para o progresso econômico e social no país.
(*) Economista brasileiro, formado pela UFPB (1998), especialista em Gestão de RH pela UNINTER (2009), professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP, autor e co-autor de centenas de artigos de Economia.
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(**) Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo.
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