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Gestão Financeira Entre-Safras: Estratégias e Indicadores para Sustentabilidade no Agro


O Perigo do Sofisma da Composição nas Empresas: O Impacto da Falta de Informação
O Perigo do Sofisma da Composição nas Empresas: O Impacto da Falta de Informação

Katherine Buso (*)

Fábio Lima (**)


O agronegócio é um dos setores mais relevantes da economia global e desempenha papel estratégico na geração de empregos, renda e divisas. Entretanto, sua característica mais marcante é a sazonalidade.


A receita do produtor rural ou da agroindústria está diretamente associada ao ciclo produtivo: há períodos de safra, em que o fluxo de caixa é elevado, seguidos por fases de entre-safra, quando as entradas de capital caem drasticamente.


Esse comportamento gera um grande desafio de gestão financeira, já que a redução de receitas não significa diminuição proporcional das despesas.


Custos fixos, como salários, arrendamento de terras, manutenção de maquinário, energia e compromissos financeiros, permanecem constantes, exigindo preparo antecipado e disciplina para evitar problemas de liquidez.


Dessa forma, a gestão entre-safras exige visão estratégica, monitoramento rigoroso de indicadores financeiros e o uso de ferramentas modernas, como dashboards e sistemas de Business Intelligence, que permitem acompanhar tendências, corrigir desvios e antecipar riscos.


Desafios Financeiros Durante a Entre-Safra


A fase de entre-safra é crítica porque evidencia vulnerabilidades financeiras do negócio agrícola. Os principais desafios enfrentados incluem:


  1. Fluxo de caixa negativo ou insuficiente: receitas diminuem enquanto compromissos financeiros continuam.

  2. Custo de estocagem: muitas vezes, parte da produção é armazenada, gerando despesas com logística, armazenagem e perdas.

  3. Aumento da dependência de crédito rural e bancário: a necessidade de capital de giro pode ampliar o endividamento.

  4. Gestão de riscos de mercado: variações no câmbio, nos preços internacionais das commodities e nas taxas de juros podem impactar diretamente os custos e receitas futuras.

  5. Planejamento de investimentos: a dificuldade de equilibrar curto prazo com a necessidade de investir em tecnologia, insumos e infraestrutura para a próxima safra.


Esses desafios só podem ser superados com planejamento financeiro sólido e indicadores confiáveis.


Indicadores-Chave para a Gestão Entre-Safras


Liquidez


  • Liquidez Corrente (Ativo Circulante ÷ Passivo Circulante): mede a capacidade de honrar dívidas de curto prazo. Na entre-safra, o ideal é manter o índice acima de 1, garantindo segurança mínima para compromissos financeiros.


  • Liquidez Imediata (Disponibilidades ÷ Passivo Circulante): avalia a capacidade de pagar dívidas com recursos de caixa imediatamente disponíveis. Esse índice é crítico quando não há entradas relevantes de receita.


Endividamento


  • Índice de Endividamento Geral (Passivo Total ÷ Ativo Total): mostra a proporção de recursos de terceiros na estrutura de capital. Quanto mais alto, maior a vulnerabilidade durante períodos sem receita.


  • Índice de Cobertura de Juros (EBIT ÷ Despesa Financeira): indica quantas vezes o resultado operacional cobre os juros da dívida. Na entre-safra, esse indicador tende a cair, exigindo atenção especial à negociação com bancos.


Rentabilidade


  • ROA – Retorno sobre Ativos (Lucro ÷ Ativos Totais): mede a eficiência no uso dos ativos da empresa.


  • ROE – Retorno sobre Patrimônio (Lucro ÷ Patrimônio Líquido): mostra se o capital próprio está sendo bem remunerado. Mesmo em períodos de baixa receita, acompanhar esses indicadores ajuda a avaliar a sustentabilidade do negócio.


Ciclo Financeiro Operacional


  • Prazo Médio de Recebimento + Prazo Médio de Estoque – Prazo Médio de Pagamento: esse ciclo revela quanto tempo a empresa leva para transformar investimentos em insumos e produção em caixa disponível. Reduzir estoques, negociar prazos com fornecedores e antecipar recebíveis são medidas essenciais na entre-safra.


Estratégias para Gestão Financeira na Entre-Safra


  1. Planejamento de fluxo de caixa anual O primeiro passo é projetar receitas e despesas para todo o ciclo agrícola, incluindo diferentes cenários (otimista, realista e pessimista). Esse planejamento permite visualizar gargalos financeiros e preparar ações preventivas.

  2. Constituição de reservas financeiras Durante a safra, é fundamental destinar parte do lucro para formar uma reserva estratégica. Esse colchão de liquidez garante que a empresa consiga atravessar a entre-safra sem recorrer excessivamente ao crédito.

  3. Renegociação e reestruturação de dívidas Antecipar negociações com bancos e fornecedores, transformando dívidas de curto prazo em longo prazo, reduz pressões sobre o caixa e melhora o perfil de endividamento.

  4. Diversificação de fontes de receita Produtores que diversificam sua atuação conseguem reduzir a dependência exclusiva da safra principal. Alternativas incluem: culturas de ciclo curto, integração lavoura-pecuária, arrendamento de máquinas, contratos de energia solar e parcerias com cooperativas.

  5. Gestão de riscos financeiros e de mercado Estratégias como hedge em bolsa de valores, contratos futuros de commodities e operações de proteção cambial podem mitigar perdas decorrentes de variações de preços e do câmbio.

  6. Uso de tecnologia e Business Intelligence Dashboards financeiros permitem monitorar indicadores em tempo real, acompanhando liquidez, endividamento, custos e margens de forma integrada. Essa prática profissionaliza a gestão, aumenta a transparência e melhora a tomada de decisões.


Exemplo Prático


Imagine uma agroindústria de milho que obtém receita concentrada entre março e maio. Sem planejamento, pode chegar a setembro com caixa negativo.


Ao utilizar um dashboard financeiro, a empresa projeta antecipadamente os períodos de déficit e cria estratégias: renegocia prazos de pagamento de insumos, reduz estoques ociosos e utiliza contratos futuros para proteger o preço de venda.


Assim, evita recorrer a crédito emergencial com juros elevados e garante maior previsibilidade financeira.


Conclusão


A gestão financeira entre-safras é um dos pilares da sustentabilidade no agronegócio. Ela exige disciplina, planejamento de longo prazo e acompanhamento constante de indicadores financeiros que traduzam a realidade do negócio.


Empresas que atuam de forma preventiva conseguem transformar a entre-safra de uma fase de vulnerabilidade em uma oportunidade de fortalecimento.


O uso de ferramentas como dashboards de finanças e inteligência de negócios garante não apenas maior controle, mas também capacidade de enxergar tendências, antecipar riscos e tomar decisões mais assertivas.


Mais do que atravessar períodos de baixa receita, a boa gestão entre-safras é o que permite ao produtor rural e à empresa agrícola alcançar sustentabilidade, rentabilidade e competitividade a longo prazo.




(*) Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional no Jornal Brasil Rural e apresentadora do programa Inteligência Agro na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo.

Instagram: @bluebisolution.

WhatsApp: +56 98484-9704


(**) Executivo sênior em Finanças, com mais de 18 anos de experiência em gestão financeira, controladoria e transformação de negócios em multinacionais e no mercado digital. Graduado em Administração de Empresas (IESB), com MBA em Corporate Finance (NYIF), MBA em Controladoria e Auditoria (FGV) e certificações em Business Strategy, Financial Performance e Strategic CFO Program (INSEAD). Fundador da Fábio Lima | Inteligência Financeira, atua como CFO as a Service e consultor em BPO Financeiro, ajudando pequenas e médias empresas a transformar faturamento em lucro real, estruturando rotinas, fluxo de caixa previsível e indicadores de desempenho estratégicos. Foi CFO do Grupo Virtus e líder na Hotmart, onde elevou o EBITDA em mais de 10% e implantou modelo de receita recorrente por subscrição, além de passagens por Assesso, Lumini IT Solutions e Capgemini, conduzindo reestruturações, implantação de ERP e dashboards em BI. Fluente em português e inglês, com conhecimentos em espanhol, é reconhecido pela capacidade de criar estruturas financeiras simples, estratégicas e sustentáveis, garantindo clareza nos números, caixa forte e decisões seguras para crescimento de longo prazo.

WhatsApp: +55 11 97608-5494






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