Vendas entre Cooperativas: o poder da cooperação que gera negócios
- INTELIGÊNCIA AGRO
- 22 de set.
- 5 min de leitura
Atualizado: 23 de set.
Katherine Buso (*)
Alexandre Bürgel (**)
O cooperativismo nasceu como uma resposta às dificuldades enfrentadas por comunidades que perceberam, cedo, que juntas poderiam ser mais fortes do que separadas. Desde então, esse movimento se consolidou no mundo inteiro como uma forma de organização econômica que une eficiência de mercado com propósito social.
No Brasil, o setor é robusto e diversificado, presente em áreas como agropecuária, crédito, saúde, transporte, consumo, energia, infraestrutura e educação.
Um dos caminhos ainda pouco explorados – mas cheio de potencial – é o das vendas entre cooperativas. Essa prática não é apenas uma estratégia comercial: é um movimento de fortalecimento interno, que amplia a competitividade, mantém a riqueza circulando no ecossistema e reafirma o princípio da intercooperação, previsto na própria doutrina cooperativista.
O que significa vender de coop para coop?
Quando falamos em vendas entre cooperativas, estamos nos referindo à ideia de que uma cooperativa pode ser cliente ou fornecedora de outra.
Isso pode acontecer de forma simples – como na compra de insumos agrícolas de uma coop fornecedora por uma cooperativa de produção – ou em arranjos mais complexos, como parcerias tecnológicas, contratos de fornecimento de energia ou serviços financeiros sob medida.
É o cooperativismo praticado em sua essência: cooperação gerando negócios, negócios gerando prosperidade compartilhada.
Os benefícios da intercooperação comercial
Fortalecimento econômico do setor Cada vez que uma cooperativa compra de outra, os recursos permanecem dentro do sistema, multiplicando seu impacto e consolidando o cooperativismo como ator econômico relevante no Brasil e no mundo.
Escala e competitividade Muitas vezes, pequenas e médias cooperativas enfrentam dificuldades para competir com grandes empresas. Ao unir forças, conseguem acessar insumos mais baratos, tecnologia de ponta e novos mercados.
Condições diferenciadas Diferente das relações puramente mercantis, as vendas entre coops são marcadas por confiança, prazos justos e preços adequados, alinhados com os valores de cada setor.
Diversificação e inovação Cooperativas não precisam se limitar ao seu núcleo de atuação: podem explorar novos negócios por meio de parcerias estratégicas com outras coops. Isso abre portas para inovações em produtos, serviços e modelos de gestão.
Sustentabilidade social e ambiental Negociar dentro do universo cooperativista gera impacto positivo nas comunidades, já que os resultados retornam diretamente para os cooperados, e muitas vezes em projetos de desenvolvimento local e ambientalmente responsáveis.
Exemplos práticos de vendas entre cooperativas
Agro + Consumo: cooperativas agrícolas fornecem alimentos diretamente a cooperativas de consumo ou supermercados ligados ao setor.
Agro + Crédito: cooperativas rurais acessam crédito mais acessível por meio das cooperativas financeiras.
Energia + Agro: cooperativas de energia renovável fornecem eletricidade limpa para cooperativas de produção agrícola.
Serviços + Saúde: cooperativas de trabalho em saúde podem atender cooperativas de educação e transporte, criando redes de bem-estar.
Tecnologia + Todos os setores: cooperativas de TI desenvolvem sistemas de gestão, rastreabilidade e plataformas digitais sob demanda para outras coops.
O desafio: transformar cultura em prática
Apesar de todos os benefícios, muitas cooperativas ainda não exploram esse caminho. Em parte, isso ocorre porque há uma cultura de buscar fornecedores tradicionais, mesmo quando existem alternativas dentro do próprio movimento.
Outro desafio é a falta de canais de conexão estruturados, que facilitem a troca de informações, ofertas e demandas entre coops de diferentes ramos e regiões.
É nesse ponto que iniciativas como o “Onde tem Coop” se tornam fundamentais. Elas funcionam como pontes digitais, conectando cooperativas, divulgando oportunidades e criando um ambiente confiável para negociações.
O papel estratégico do “Onde tem Coop”
Mais do que um diretório ou vitrine, o “Onde tem Coop” pode se consolidar como um hub de intercooperação comercial, onde cooperativas encontram produtos, serviços e soluções oferecidas por outras coops em condições exclusivas.
Esse movimento fortalece o conceito de que cooperativa não é só um modelo de negócio, mas uma rede de apoio mútuo. Ao comprar de outra coop, cada organização ajuda a garantir não apenas a sua sustentabilidade, mas a de todo o sistema.
Conclusão: um círculo virtuoso de prosperidade
As vendas entre cooperativas não são apenas uma prática comercial: são uma estratégia de fortalecimento coletivo, que dá vida ao princípio da intercooperação e coloca o cooperativismo em outro patamar.
Quando uma coop compra de outra, o benefício não fica restrito a duas partes: ele se espalha entre milhares de cooperados, suas famílias e comunidades. É a riqueza circulando, o conhecimento sendo compartilhado e o futuro sendo construído de forma solidária e sustentável.
O desafio agora é cultural: transformar essa ideia em prática cotidiana.
Quanto mais cooperativas enxergarem umas às outras como parceiras de negócios, mais forte será o setor e mais impacto positivo gerará no país.
No fim, a lógica é simples: onde tem coop, tem oportunidade; e quando uma coop compra de outra, todos ganham.
(*) Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional no Jornal Brasil Rural e apresentadora do programa Inteligência Agro na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo.
Instagram: @bluebisolution
E-mail: bi@bluebisolution.com
WhatsApp: +56 98484-9704
(**) Executivo sênior em Inovação, Transformação Digital e Novos Negócios, com sólida experiência em mobilidade urbana, cidades inteligentes, pagamentos digitais (BaaS), soluções corporativas (B2B/B2G) e automação industrial. Graduado em Engenharia Elétrica, Eletrônica e de Comunicações (FAAP), com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos (Senac) e MBA em Process Mapping (CENSUPEG, em andamento). Consultor estratégico na Innova Ação, atua em parcerias, captação de recursos para startups, desenvolvimento de soluções digitais e integração de equipes multidisciplinares, com foco em IoT/IIoT, Machine Learning, IA, ESG e ODS. Conselheiro no Comitê Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) da Prefeitura de São Paulo, contribui para políticas públicas de mobilidade urbana. Experiência internacional em eventos e feiras de tecnologia, liderança em projetos complexos e desenvolvimento de negócios em empresas como Original Software e All Sell Informática. Fluente em português e inglês, com conhecimentos em francês, alemão e espanhol, certificado em Silicon Valley Xperience, Mobilidade Urbana Sustentável, MRO Brasil 2024 e IA Global Reset.
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E-mail: alexandre@innovaacao.com
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